Após os EUA ordenarem retaliação ao ataque químico sofrido pela Síria, disparando mais de 50 mísseis em direção a uma região do país controlada por rebeldes, diz-se que a tensão entre o governo norte-americano e russo – aliado do governo sírio e que possui mais de 4.000 tropas no país – aumentou. Tal episódio de resposta, que também foi apoiado por países do Reino Unido, reacendeu outra antiga tensão: EUA x Coreia do Norte.
Esse cenário poderia resultar em uma Terceira Guerra Mundial?
Considere que, a Primeira e Segunda Guerra tiveram como estopim motivos relativamente pequenos. A primeira, que teve início em 1914, começou quando Francisco Ferdinando, príncipe e herdeiro do império Austro-húngaro, foi assassinado, resultando em uma crise diplomática que eventualmente virou uma guerra do império contra a Sérvia.
Já a Segunda Guerra teve início quando a Alemanha, em 1939, invadiu a Polônia, fazendo com que França e Grã-Bretanha declarassem guerra ao país nazista.
Rússia
Embora haja quem diga que não existe de fato uma tensão entre a Rússia e EUA, uma vez que a própria CIA alega que a Rússia interveio na eleição presidencial, ajudando Trump chegar ao poder, os menos otimistas ainda batem na tecla da Guerra Fria, assumindo que ela ainda não acabou.
De acordo com o professor Paul D. Miller, da Universidade da Defesa Nacional, nos EUA, é a região dos países bálticos, onde a Rússia supostamente mantém artifícios nucleares prontos para qualquer eventualidade, que pode estar entre os principais focos de tensão. Ele considera que, se uma terceira guerra estourar, a Síria provavelmente não será o estopim. Miller já realizou outras análises corretas, incluindo a invasão da Crimeia e confronto da Rússia contra a Ucrânia.
De acordo com o general Alexander Richard David Shirreff, ex-delegado da OTAN, porque mantém dezenas de milhares de tropas posicionadas próximas a fronteiras da Lituânia, Letônia e Estônia, a Rússia poderia atacar toda essa região báltica e rapidamente assumir o controle de tudo sem que a OTAN sequer consiga esboçar uma reação.
Síria
Uma das coisas que a história nos ensinou é que os EUA estão sempre prontos para comprar briga de qualquer um – e a Síria não está imune a isso. A Rússia, por outro lado, que já afirmou seu apoio ao governo de Bashar al-Assad, disse que não se intimidará com qualquer ação vinda de Washington. Com o apoio do Irã, o país afirmou que irá responder a qualquer investida norte-americana na região.
Como esse ato de proteger o governo coloca a Rússia contra algumas forças do Ocidente, o risco de embate é alto, podendo levar a situações catastróficas.
China, Japão e Coreia do Norte
Outro cenário que poderia levar a uma terceira guerra mundial poderia ser a China tentando diminuir o papel dos EUA no mundo. Ambas as nações já estão envolvidas em uma disputa no Mar da China Meridional, região rica em petróleo e combustíveis fósseis. Essa tensão, com potencial para incidentes militares, também envolve interesses de países como Vietnã, Filipinas, Taiwan, Malásia e Brunei.
A mesma região também é motivo de disputa entre a China e o Japão. Logo, e considerando que os EUA costumam interferir em tudo, eles poderiam cumprir suas obrigações de proteção mútua a favor do Japão.
A Coreia do Norte é outro personagem a ser considerado. Sua intenção de ser reconhecida como grande potência militar vem testando a paciência dos EUA, especialmente agora que alega estar experimentando armas nucleares. Sabendo disso, o Japão já começou a realizar testes aéreos como medida de precaução, bem como distribuiu panfletos para dizer às pessoas o que fazer na evidência de um ataque.
Segundo Dr. Alan Mendonza, diretor-executivo da Sociedade Henry Jackson, uma empresa de segurança, o risco de uma guerra nuclear é considerável tendo em mente o estilo de liderança de Kim Jong-un. “Ninguém
sabe suas intenções e como lidar com ele”, disse. “Existe um perigo real de que ele comece algo na Coreia do Norte que possa acabar afetando países vizinhos”.
sabe suas intenções e como lidar com ele”, disse. “Existe um perigo real de que ele comece algo na Coreia do Norte que possa acabar afetando países vizinhos”.
Internet e tecnologia
Quando falamos em conflitos modernos, devemos sempre considerar a tecnologia e internet como armas. Estes são elementos que podem tornar sofisticado qualquer material de guerra. Logo, não podemos excluir a possibilidade de conflitos no ciberespaço e até mesmo envolvendo o espaço sideral.
Considerando que há uma série de satélites militares em órbita da Terra e que mais de 80% das comunicações feitas pela OTAN são transmitidas por eles, isso os torna alvos estrategicamente importantes.
Há de se ter em mente ainda que os EUA investiram cerca de 5 bilhões de dólares em estratégias de guerra espacial e tecnológica. E a Rússia não ficou atrás, acredita-se que o governo de Putin esteja trabalhando na criação de armas e sistemas sofisticados que podem atingir os atuais recursos espaciais da OTAN.
Quem venceria essa guerra?
Embora seja impossível definir com certeza, podemos sempre apostar que os EUA têm as maiores chances de vitória, considerando que o país possui um grande arsenal bélico, tecnologia de ponta e uma invejável tecnologia submarina com mísseis teleguiados e de potencial nuclear. Enquanto isso, ao seu encalço, temos a Rússia e China, que trabalham incansavelmente para poder se equiparar ao potencial norte-americano.
E o Brasil?
Tendo em mente um cenário de tensão internacional, podemos apenas esperar que o Brasil se mantenha neutro até que um lado envolvido exerça maior pressão. Em um conflito polarizado entre EUA x Rússia, por exemplo, ainda que tenhamos laços comerciais relevantes com a Rússia, bem como sejamos parte dos BRICS, o Brasil depende muito mais dos EUA para sua balança comercial.
Considerando nosso passado e relações comerciais atuais, é possível que entremos ao lado dos EUA nessa hipotética guerra.
Por outro lado, ao assumir uma posição neutra, o Brasil poderia servir de refúgio para as vítimas de zonas de conflitos. Atualmente, devido à crise humanitária vivida pela Síria, estamos indiretamente envolvidos no problema de acolhimento de refugiados. Estima-se que mais 7.800 sírios vivam atualmente em nosso país.