Segundo o Físico Michio Kaku, para compreender os problemas envolvidos pela viagem no tempo, é necessário primeiro classificar os vários paradoxos. Em geral, a maioria deles pode ser dividida em um ou dois tipos principais:
1. Encontrar seus pais antes de você nascer
2. O homem sem passado
1 – O primeiro tipo de viagem no tempo causa mais dano à estrutura do espaço-tempo porque
altera eventos previamente registrados. Por exemplo, lembre-se de que em De volta para o
futuro nosso jovem herói retorna no tempo e conhece sua mãe como uma mocinha, logo antes
de ela se apaixonar pelo seu pai. Para seu choque e desilusão, ele descobre que havia
impedido, sem se dar conta, o decisivo encontro entre seus pais. Para piorar as coisas, sua
jovem mãe está agora amorosamente atraída por ele! Se ele impedir sem querer que sua mãe e
seu pai se apaixonem e for incapaz de desviar o afeto inadequado da mãe, ele vai desaparecer,
porque seu nascimento nunca acontecerá.
2 – O segundo paradoxo envolve eventos sem nenhum começo. Por exemplo, digamos que um
inventor empobrecido, lutador, está tentando construir a primeira máquina do tempo do mundo
em seu atravancado sótão. Um cavalheiro rico e idoso então aparece e lhe oferece
amplos fundos e as complexas equações e circuitos necessários para fazer uma máquina do
tempo. Em seguida o inventor passa a enriquecer com o conhecimento adquirido com viagens
no tempo, sabendo de antemão exatamente quando altas repentinas e grandes baixas da bolsa
de valores vão ocorrer. Faz uma fortuna investindo na bolsa, em corridas de cavalo e outros
eventos. Décadas mais tarde, como um idoso milionário, ele volta no tempo para cumprir seu
destino. Encontra-se de novo com um jovem que trabalha em seu sótão e confia a seu eu mais
jovem o segredo da viagem no tempo e o dinheiro para tirar proveito dela. A pergunta é: de
onde saiu a ideia da viagem no tempo?
Talvez o mais maluco desses paradoxos do segundo tipo tenha sido forjado por Robert
Heinlein em seu conto clássico “All You Zombies…”
Uma meninazinha é misteriosamente abandonada num orfanato em Cleveland em 1945.
“Jane” cresce solitária e deprimida, sem saber quem são seus pais, até que, num dia de 1963,
sente-se estranhamente atraída por um vagabundo. Apaixona-se por ele. Mas, exatamente
quando as coisas estão finalmente melhorando para Jane, sucede uma série de desastres.
Primeiro, ela engravida do vagabundo, que em seguida desaparece. Segundo, durante o
complicado parto, os médicos descobrem que Jane tem os conjuntos dos dois sexos e, para lhe
salvar a vida, são obrigados a convertê-la cirurgicamente em “ele”. Por fim, um estranho
misterioso sequestrou seu filho da sala de parto.
Recuperando-se desses desastres, rejeitada pela sociedade, desdenhada pela sorte, “ele”
se torna um bêbado e um vagabundo. Além de perder os pais e seu amado, Jane perdeu
também o filho. Anos mais tarde, em 1970, ele entra por acaso num bar ermo, chamado Pop’s
Place, e derrama sua patética história sobre um idoso garçom. O compassivo garçom oferece
ao vagabundo a oportunidade de se vingar do estranho que a deixara grávida e a abandonara,
com a condição de que ele ingressasse no “corpo dos viajantes no tempo”. Os dois entram
numa máquina, e o garçom conduz o vagabundo a 1963. O vagabundo se sente estranhamente
atraído por uma jovem órfã, que em seguida engravida.
O garçom avança então nove meses, sequestra a meninazinha do hospital e a deixa no
orfanato nos idos de 1945. Depois o garçom deixa o vagabundo inteiramente confuso em 1985,
para que ele se aliste no corpo dos viajantes no tempo. O vagabundo acaba por ajeitar sua
vida, torna-se um membro respeitável e veterano do corpo dos viajantes no tempo e então se
disfarça de garçom de bar e enfrenta sua mais difícil missão: um encontro com o destino,
topando com certo vagabundo no Pop’s Place em 1970.
A pergunta é: quem é a mãe de Jane, seu pai, seu avô, sua avó, seu filho, sua filha, sua neta
e seu neto? A moça, o vagabundo, e o garçom são evidentemente a mesma pessoa. Esses
paradoxos podem lhe dar nós na cabeça, especialmente se você tentar desemaranhar os laços
de parentesco torcidos de Jane. Se traçarmos a árvore genealógica de Jane, vamos descobrir
que todos os ramos são enrolados para dentro sobre si mesmos, como num círculo. Chegamos
à assombrosa conclusão de que ela é sua própria mãe e pai! Ela é toda uma árvore
genealógica em si mesma.
Trecho do livro Hisperespaço de Michio Kaku (Recomendo leitura)
E então é o suficiente para ficar confuso? A viagem no Tempo certamente é algo tão enigmático que renderia infinitos paradoxos impossíveis como estes e muita dor de cabeça.
Mas será então possível quebrar de alguma forma o tecido de tempo-espaço? Ainda não sabemos, mas a Ciência tem avançado bastante. Sabemos que o Tempo é relativo e ainda que não possamos manipulá-lo, poderemos muito em breve assistir de camarote ao nosso próprio passado de uma estrela distante.
Não Michio, isto é história para qualquer um fica doido. Fui desvendar a árvore geneológica de Jane, fiquei com uma dor de cabeça grande.