Ele está em uma região repleta de pequenos mundos congelados chamados pelos astrônomos de objetos transnetunianos (TNOs), categoria que engloba os incontáveis e pouco conhecidos astros com órbitas mais distantes que a de Netuno.
Com 635 quilômetros de diâmetro, tem proporções equivalentes a dois terços do planeta anão Ceres — o maior objeto do cinturão de asteroides, localizado entre Marte e Júpiter. Ainda é cedo para afirmar que o objeto apelidado ‘carinhosamente’ de DeeDee seja de fato um planeta anão. Mas tudo indica que sim, por ter massa e gravidade suficientes para apresentar formato esférico.
Ainda mais empolgante foi o sucesso das tecnologias utilizadas para identificar o astro gélido (com temperatura pouco acima do zero absoluto) e pouco brilhante – já que ele reflete meros 13% da luz solar que recebe. É um indicativo de que podemos estar perto de enfim encontrar o Planeta Nove..
Os primeiros indícios sobre DeeDee surgiram no final do ano passado, quando uma equipe de astrônomos o descobriu através de um telescópio do Observatório Interamericano de Cerro Tololo (CTIO), nos Andes chilenos. O problema é que analisando apenas a luz visível, seu brilho é tão efêmero que seria como observar uma vela na metade do caminho até a Lua. Os pesquisadores ficaram na dúvida se aquilo que observavam se tratava de um mundo pequeno e brilhante, ou de um grande e escuro.
Foi então que as antenas gigantes do radiotelescópio ALMA, também nos Andes chilenos, entraram em cena: por serem capazes de analisar a luz dos objetos astronômicos em comprimentos de onda submilimétricos, elas revelaram detalhes inéditos sobre DeeDee. “O ALMA o localizou muito facilmente, então fomos capazes de resolver a ambiguidade que tivemos somente com os dados óticos”, disse em comunicado à imprensa o astrônomo David Gerdes, da Universidade de Michigan, autor principal do artigo publicado no prestigioso Astrophysical Journal Letters.
A equipe de Gerdes se aproveitou dos dados de uma pesquisa muito ambiciosa chamada de Dark Energy Survey: de 2013 até 2018, o telescópio do CTIO dedicará 525 noites para monitorar um grande pedaço do céu noturno (12%). Por meio do estudo de 300 milhões de galáxias a bilhões de anos-luz da Terra, o principal objetivo do estudo internacional, que reúne mais de 400 cientistas, é entender melhor a energia escura, uma força misteriosa que acelera a expansão do Universo.
Mas de quebra, o levantamento também é um prato cheio para os astrônomos que trabalham na identificação de corpos celestes longínquos como o DeeDee — ele apareceu em 12 das 15 mil imagens feitas na busca inicial.
Nessa etapa, mais de 1,1 bilhão de candidatos a objeto foram localizados, dos quais uma minúscula fração não eram estrelas ou galáxias, mas sim novos astros do Sistema Solar. “Ainda existem novos mundos a serem descobertos em nosso próprio quintal cósmico”, comenta Gerdes. “O Sistema Solar é um lugar rico e complicado.”
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