Projeto foi aprovado pelos vereadores do município e só depende da sanção do prefeito Marcelo Crivella para entrar em vigor. Determinação cria faixas na areia para os animais.
A lei que pretende liberar a circulação de cães nas praias do Rio de Janeiro ainda não entrou em vigor, mas já divide opiniões entre os banhistas.
A Câmara Municipal do Rio aprovou o projeto que cria faixas nas praias da cidade para a permanência de cães. Para que a determinação passe a valer, basta que o prefeito Marcelo Crivella (PRB) sancione o projeto.
Entre as regras do projeto, está a determinação de que os animais estejam vacinados e vermifugados e que usem coleiras.
A lei acrescenta ainda que o responsável pelo animal deve recolher os dejetos deixados por ele. A fiscalização será feita pela Prefeitura.
Contudo, apesar das restrições, alguns banhistas já manifestaram ser contra a nova lei.
Para a massoterapeuta Lidiane da Silva Lima dos Santos, a principal preocupação é em relação a educação dos donos dos animais.
“Os cães fazem coco na areia e não acho isso certo. As pessoas não pegam e não jogam no lixo. Por isso que eu sou contra”, disse Lidiane.
Já na opinião de Michele Alvarenga Braga, o direito de levar um cachorro para um passeio nas areias da praia depende da responsabilidade dos donos do animal. Ela conta que seu cão é vacinado e vermifugado. “Então, a gente tem direito a trazer eles na praia”.
“Eu tenho que prezar pelo bem-estar dela. Eu moro em um apartamento de 50 metros quadrados. E aí, vai ficar presa? Vai ficar latindo incomodando os vizinhos? A gente tem que pesar. Infelizmente eu tenho que quebrar um pouco a lei, mas eu venho em um horário que a praia está vazia e assim a gente vai vivendo”, disse Michele.
A lei municipal que proíbe a circulação dos animais entre os banhistas é de 2005. O atual projeto que pede a liberação dos cães é de autoria do vereador Luiz Carlos Ramos Filho (PODE). O texto aprovado prevê que a prefeitura é quem vai criar faixas separadas para os animais.
Lei que permite cães nas praias do Rio divide opiniões — Foto: Reprodução TV Globo
Na opinião da especialista da área de saúde, Adriana Sotero Martins, o risco maior na areia das praias seriam as zoonoses.
“Há um risco relacionado com as fezes desses animais que podem deixar coliformes sobre a areia, ou seja, grande carga de matéria orgânica e acabar transmitindo bactérias que causam gastroenterite”, explicou Adriana.
Outra preocupação é em relação as crianças que brincam descalças na areia e podem ficar expostas a doenças.
Quem frequenta as praias da zona sul reclama que a sujeira parece aumentar. Faltam lixeiras e pombos se alimentos dos restos deixados pelos frequentadores.
Vandélia Martins também é contra a iniciativa aprovada pelos vereadores.
“Vão contribuir para deixar a praia mais suja. Eu já cheguei cedo, às sete e pouco da manhã e pisei em coco de cachorro”, contou a massoterapeuta.
Regras
A lei permitirá a circulação de cães em todas as praias do município. Mas também autoriza o poder público a criar restrições. E a delimitar faixas de areia, áreas específicas, onde os cachorros poderiam entrar, desde que obedecidas algumas regras.
Os cães precisam ser vacinados e não podem carregar alguma infecção ou doença contagiosa.
Quem for à praia com o animal deverá portar certificado, cópia em papel ou em arquivo digital, que contenha comprovante semestral de vermifugação.
O uso de coleiras é obrigatório na areia e nas calçadas. Além disso, o condutor é o responsável pelo recolhimento dos dejetos do seu animal. Donos que não respeitarem as regras podem ser multados.
Enquanto a lei não entra em vigor e as faixas não são criadas, levar animais de estimação para as praias do Rio é proibido por lei. Não há multa estipulada, mas a Guarda Municipal faz a fiscalização.