Cartão de crédito é coisa do passado. A moda agora é comprar com chip implantado. Pelo menos na Suécia, que luta para eliminar o dinheiro vivo do seu dia a dia. Mais de 4 mil pessoas no país da Escandinávia tiveram um microchip – aproximadamente do tamanho de um grão de arroz – implantado em uma das mãos a fim de que ele possa substituir os atuais cartões usados em transações comerciais ou para ganhar acesso a prédios. Para comprar algum produto, basta passar um leitor óptico pela mão e pronto! Sem senha, sem necessidade de apresentar documento.
O cenário parece de filme de ficção científica. E essa “ficção realista”, se depender do criador, em breve estará espalhada por vários países. Jowan Österlund, o inventor, disse ter sido procurado por investidores de todos os continentes, “menos da Antártica”, como ele faz questão de salientar.
“A tecnologia vai entrar no corpo. Não tenho dúvida disso”, afirmou Österlund à revista “Fortune”. Ela garantiu que a tecnologia é segura.
De quebra, o microchip ainda monitora a saúde do implantado.
“É muito ‘Black Mirror'”, disse ao “Ny Post” Ben Libberton, cientista britânico radicado na Suécia, citando semelhança com os cenários futuristas da série de TV.
Os dispositivos usam a tecnologia de NFC (Near Field Communication, ou Comunicação por Campo de Aproximação), comumente empregada em cartões de crédito e smartphones, e atuam de forma passiva: apenas armazenam e fornecem informações a outros aparelhos, mas não efetuam, eles próprios, a leitura dos dados.
Fator cultural
A Suécia tem uma longa tradição de compartilhamento das informações de seus cidadãos – que, aparentemente, não se incomodam. Por lá, as pessoas podem consultar o salário das outras fazendo uma rápida ligação para as autoridades governamentais.
A aplicação do microchip é feita normalmente na mão, e é semelhante a colocar um piercing. A maior parte dos usuários suecos, diz a AFP, não se preocupa com o hackeamento das informações, uma vez que não consideram “tão valiosos” os dados compartilhados até o momento.
Isso pode mudar se as autoridades ampliarem a quantidade de dados no sistema, alerta o microbiólogo do Laboratório Max IV, da Suécia, Ben Libberton. “Até o momento, são poucos os dados coletados e compartilhados pelos implantes, mas é provável que o volume cresça com o tempo”, diz. Outro perigo, aponta ele, é o de reações adversas do organismo humano aos microchips.
Mas, apesar das ressalvas para o futuro, o cientista acredita que o país deverá seguir com os testes e até aumentá-los. “Na Suécia, as pessoas estão bastante confortáveis com a tecnologia, e eu diria que as resistências a essas novidades são bem menores que em outros países”, aposta.
No Brasil, testes individuais já foram feitos, mas não há políticas empresariais para implantação de microchips. Até hoje, a tecnologia para identificação é utilizada apenas em animais, seja para fins científicos ou controle dos pets domésticos.
“Pense como se um relógio da Apple pudesse medir coisas como a glicose no sangue”, acrescentou ele, maravilhado com a criação por causa dos benefícios ao controle métrico da saúde.
Notas e moedas movimentam apenas 1% da economia sueca.