A sonda espacial New Horizons da NASA levou quase uma década para percorrer seu caminho através do Sistema Solar e chegar em Plutão em 2015 – e quando chegou lá, descobriu Torres impressionantes de gelo que atingem 500 metros de altura.
Esta é a primeira vez que esse fenômeno foi encontrado fora da Terra. Uma nova análise dessas torres identificou o processo que levou à sua formação. O terreno pálido que você pode ver na imagem faz parte região Tartarus Dorsa de Plutão, sobrevoada pela New Horizons em julho de 2015.
As formações têm esse nome porque se parecem com pessoas ajoelhadas em penitência – e agora, graças à pesquisa conduzida pelo engenheiro John Moores, da Universidade York no Canadá, temos a primeira evidência deles ocorrendo em outro lugar que não a Terra.

Quando a NASA analisou pela primeira vez as imagens das torres que receberam da New Horizons, ficou claro que os pesquisadores não sabiam como chamá-las, definindo-as como “padrões intrincados de cristais azul-cinzentos e material avermelhado entre eles”.
Essa falta de familiaridade não é tão surpreendente quando você considera que as cristas de gelo de Plutão são torres maciças de até 500 metros de altura – tornando-as centenas de vezes mais altas do que as da Terra, que normalmente só se estendem por cerca de no máximo 5 metros.
Quando Moores e sua equipe executaram a modelagem computacional das condições atmosféricas de Plutão, as simulações reproduziram as penitentes como a New Horizons as documentou – e isso poderia nos ajudar a entender por que não observamos essas torres tomando forma em outras partes do Sistema Solar.
“A identificação das cristas do Tartarus Dorsa como penitentes sugere que a presença de uma atmosfera é necessária para a formação de penitentes, o que explicaria por qual motivo eles não foram vistos anteriormente em outros satélites gelados sem ar ou planetas anões”, diz Moores. “Mas as diferenças exóticas no ambiente dão origem a características com escalas muito diferentes.”
No caso de Plutão, a temperatura é muito mais fria do que na Terra e a atmosfera é muito mais fina, mas os mesmos princípios físicos se aplicam.
Os penitentes em Plutão são compostos de metano e nitrogênio ao invés de água, mas apesar de sua escala maciça, é o mesmo processo de sublimação que na Terra.
“Este tamanho gigantesco é previsto pela mesma teoria que explica a formação dessas características na Terra”, diz Moores.
“Na verdade, fomos capazes de igualar o tamanho e a separação, a direção das cristas, bem como a sua idade: três elementos de prova que apoiam a nossa identificação dessas cristas como penitentes”.
Os cientistas já especularam a possível existência de penitentes na Lua, em Júpiter e Europa (lua de Júpiter), mas esta é primeira vez que o fenômeno foi confirmado em outras partes do Sistema Solar.
“Este teste de nossos modelos terrestres para penitentes sugere que podemos encontrar essas características em outras partes do Sistema Solar”, diz Moores, “e em outros sistemas solares, onde as condições são certas”.
As descobertas foram publicadas na Nature.