NASA/JPL-Caltech/ASI/USGS |
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O caso das bizarras “ilhas mágicas” em Titã, lua de Saturno, teve uma reviravolta intrigante.
Essas estruturas semelhantes a ilhas e estranhamente mutantes, observadas em vários mares de hidrocarbonetos pela sonda Cassini, da NASA, podem na verdade ser uma enorme quantidade de bolhas de nitrogênio efervescentes, sugere um novo estudo baseado em experimentos laboratoriais.
“Graças a um trabalho sobre a solubilidade do nitrogênio, agora estamos confiantes que bolhas podem, de fato, ser formadas em mares e, na verdade, talvez sejam mais abundantes do que esperávamos”, disse Jason Hofgartner, co-autor do estudo, co-investigador da equipe do radar Cassini e integrante do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês) da NASA em Pasadena, Califórnia, em uma declaração.
Os pesquisadores, liderados por Michael Malaska do JPL, simularam as condições da superfície de 5.150 quilômetros de Titã, uma lua frígida com um sistema de clima baseado em hidrocarbonetos e uma atmosfera espessa constituída por 98% de nitrogênio. Em Titã, metano líquido chove do céu, desce pelos rios e se junta a lagos e mares (embora alguns dos últimos contenham principalmente etano).
De fato, Titã é o único outro corpo celeste no Sistema Solar, além da Terra, conhecido por suportar corpos líquidos estáveis em sua superfície.
NASA/JPL-Caltech/ASI/Cornell |
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Essas imagens em falsa cor da Cassini rastreiam a evolução ao longo dos anos de uma “ilha mágica” em Ligeia Mare, o segundo maior mar de hidrocarbonetos da lua de Saturno. Um novo estudo sugere que as misteriosas características de dinâmica do mar podem ser produzidas por nitrogênio que borbulha por baixo. |
Os experimentos feitos por Malaska e seus colegas sugerem que grandes quantidades de nitrogênio podem se dissolver nos lagos e mares da lua – e que pequenas mudanças em pressão, temperatura e outras variáveis podem fazer o gás espumar, como as bolhas de dióxido de carbono de uma garrafa de refrigerante que acabou de ser aberta.
“Nossos experimentos mostraram que quando líquidos ricos em metano se misturam com os ricos em etano – por exemplo, após uma chuva pesada ou quando o escoamento de um rio de metano se mistura em um lago rico em etano – o nitrogênio perde um pouco da sua capacidade de permanecer na solução”, disse Malaska na mesma declaração.
O movimento em dois sentidos do gás nitrogênio – para dentro e para fora dos lagos e mares de Titã – é provavelmente uma ocorrência comum na lua gigante, ele acrescentou.
“Na realidade, é como se os lagos de Titã respirassem nitrogênio”, disse Malaska. “Quando esfriam, podem absorver mais gás, ‘inalando-o’. Ao esquentarem, a capacidade do líquido é reduzida, então o ‘exalam’”.
Essas descobertas parecem reforçar a hipótese de que as ilhas mágicas de Titã – as quais mudam de forma, desaparecem e, em ao menos um caso, reaparecem – são bolhas de gás. Alternativamente, cientistas postularam que as características poderiam ser ondas ou padrões criados pela precipitação.
O novo estudo, publicado no mês passada na Icarus, poderia também ajudar a orientar futuros esforços para a exploração de Titã, segundo funcionários da NASA.
“Um líquido efervescente também poderia, potencialmente, causar problemas a uma sonda robótica futuramente enviada para flutuar ou nadar nos mares de Titã”, escreveram na mesma declaração. “O excesso de calor vindo de uma sonda poderia fazer bolhas se formarem ao redor de suas estruturas – como, por exemplo, hélices usadas para propulsão – tornando difícil de dirigir ou mantê-la estável”.
Mike Wall, SPACE.com
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