Apenas seis semanas após um ciclone ter devastado Moçambique , o país foi atingido por outro ciclone, chamado Kenneth, na última quinta-feira, que deixou pelo menos três mortos e 30 mil pessoas tiveram que deixar suas casas.
Neste sábado, o país foi tomado por chuvas torrenciais, que continuam a cair à tarde no norte do país e provocam o medo de inundações na região isolada.
Agências de ajuda disseram que ainda estão lutando para chegar às vítimas e calcular a extensão da devastação na província de Cabo Delgado.
O ciclone Kenneth teve 280 quilômetros por hora e chuvas pesadas. O fenômeno tropical destruiu quase todas as casas na ilha de Ibo, matando pelo menos uma pessoa na cidade portuária de Pemba e duas em outras regiões, autoridades moçambicanas informaram.
— É preocupante que ainda esteja chovendo muito — disse Daw Mohammed, diretor de operações humanitárias da organização Care, que está em Pemba.
As chuvas foram particularmente graves nas áreas ao norte da cidade, disse Saviano Abreu, porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) na África Oriental e Austral.
O Kenneth atingiu um país que ainda enfrenta as consequências do ciclone Idai, que, em março, afetou o sul moçambicano, inundou enormes áreas e matou mais de mil pessoas em Moçambique, no Malawi e no Zimbábue.
O governo e as agências de ajuda disseram que 30 mil pessoas foram transferidas para áreas seguras e que um total de quase 700 mil permanece em risco no Norte do país. A Care disse que o governo criou 20 centros de evacuação em Pemba, mas os aviões são necessários porque muitas das áreas afetadas não podem ser acessadas por estradas.

Esta manhã, os serviços de resgate, principalmente militares brasileiros, do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) chegaram a Pemba, capital de Cabo Delgado, para “avaliar a situação”, explicou Kleber Castro, dos serviços de resgate brasileiros.
A Ocha publicou uma foto de uma ponte que foi destruída, cortando uma estrada principal que atravessa o distrito de Macomia, que, segundo autoridades, sofreu danos pesados.
Autoridades moçambicanas disseram que houve relatos de casas danificadas do distrito de Muidumbe, mais para o interior, mas a IFRC notou que as comunicações ainda permaneciam em grande parte sem funcionar por lá.
O Itamaraty informou que o Brasil enviou a equipe humanitária já presente no país para as regiões afetadas pelo Kenneth, a fim de atuar em missões de busca e salvamento.
Composta por 40 integrantes da Força Nacional de Segurança Pública e do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, a equipe é o único contingente internacional com treinamento específico em busca e salvamento que se encontra atualmente em Moçambique.