Fortes, não? Tanto a frase como a foto foram criadas para causar impacto e desconforto imediatos. Lembrando práticas de tortura por asfixia, fazem parte da campanha que a ONG Sea Shepherd Conservation Society (SSCS) lançou este mês, no mundo, para chamar a atenção para a gravidade da poluição dos oceanos.
Nove milhões de toneladas de plástico chegam aos oceanos, todos os anos, matando um milhão de aves e 100 mil animais marinhos. Os cientistas afirmam que, em 2050, teremos mais plásticos do que peixes no mar. E, estes, também estarão intoxicados por esse resíduo.
A Sea Shepherd é uma organização de conservação marinha muito conhecida por seu jeito radical e polêmico de se comunicar – uma espécie de Greenpeace. Com esta campanha chocante, feita em parceria com as agências de publicidade Tribal Worldwide Sao Paulo e DDB Guatemala, fala da triste realidade de milhares de animais marinhos, da agonia de uma tartaruga e de uma foca por não conseguirem se livrar de um saco plástico no qual enfiaram suas cabeças.
No site da organização, o diretor criativo da Tribal, Guiga Giacomo, diz que o objetivo da campanha é “chegar ao máximo de pessoas possível” e “chamar a atenção para o fato de podermos, com pequenos passos, assegurarmo-nos que cenários terríveis como este não acontecem”. E completou: “Infelizmente, uma pequena ação não pensada pode causar um enorme estrago na natureza, sem nos darmos conta”.
As notícias sobre animais encontrados mortos com quantidade absurdas de plástico em seus estômagos têm se tornado constantes. Foi o caso da baleia na costa das Filipinas, em 16 de março – ela teria morrido por causa de um choque gástrico provocado pelo lixo que ingeriu – e também de outra baleia na costa da Indonésia, em novembro do ano passado, encontrada em estado também dramático: ela ingeriu mais de mil objetos e pedaços de plástico, quase 6 kg de resíduos: garrafas, sandálias de dedo, cordas, redes de pesca e 115 copos plásticos.
Isso tudo sem falar das ilhas de plástico que estão se formando há anos em todos os oceanos. Hoje, qualquer paraíso tem lixo plástico: veja o relato da fotógrafa e ativista Caroline Power, sobre o Mar do Caribe.

Cartazes e dicas de consumo
Composta por dois cartazes (abaixo) publicados em seu site e espalhados pelas redes sociais, a campanha da Sea Shepherd ainda apresenta sugestões para a redução do consumo de plásticos na rotina diária, como, por exemplo, parar já de usar canudos, colherinhas de café, copos, pratos e talheres descartáveis, sacolas e garrafas plásticas, comprar a granel. Tudo para evitar o consumo de embalagens.
No Brasil, também há empresas que usam folhas de bananeira para embalar alimentos, substituindo muito bem os plásticos (filme e sacolas) e o papel de alumínio, como noticiamos, aqui, no site, há um ano.
Movimento mundial, mas lento
São inúmeros os países que estão banindo os plásticos de um único uso – sacolas, garrafas, colheres, pratos, copos, canudos… -, como temos noticiado aqui (veja lista de reportagens no final deste post). Também têm se tornado cada vez mais frequentes os mutirões em praias pelo mundo, com o engajamento da população que frequenta e que mora na região. Mas o movimento ainda é muito sutil se comparado ao tamanho da degradação dos oceanos provocada pelo lixo que nele é despejado diariamente.
É incrível ver que as pessoas não entendem que não existe “jogar fora” porque tudo fica na Terra. Por isso, precisamos cuidar dela, nossa casa. E já que não nascemos compreendendo isso – e a sociedade consumista nos corrompe diariamente – é preciso intensificar a educação ambiental nas escolas, nas ruas, nas TVs, nas comunidades. É preciso intensificar as campanhas de esclarecimento para não deixar ninguém esquecer o que está acontecendo no planeta e porque é urgente parar de descartar resíduos de forma leviana. E de produzi-los também.
Espalhar a campanha contundente da Sea Shepherd é um bom começo. Ler nossas reportagens e compartilha-las com os amigos também.