Muita gente acha nojento, mas aqueles pequenos vermes gosmentos que chamamos de minhocas são fundamentais para boa parte da vida na Terra. Não à toa, Charles Darwin passou 39 anos de sua vida estudando esses animais rastejantes.
Sem as minhocas, a agricultura nunca teria prosperado às margens dos rios Nilo e Eufrates, as sociedades egípcias e mesopotâmicas nunca teriam surgido, e o mundo seria bem diferente do qual vivemos.
Cientistas agora tentam repetir o processo para iniciar outra civilização, mas desta vez em Marte. Um dos maiores desafios de colonizar o planeta vermelho é justamente a produção de alimentos. É a isso que se dedica o biólogo Wieger Wamelink, da Wageningen Universidade e Pesquisa (Países Baixos).
Utilizando um simulacro do solo marciano retirado pela Nasa de um vulcão havaiano, ele passou a tentar produzir rúcula em estufas semelhantes às que seriam construídas no planeta estrangeiro. No solo, foram adicionadas fezes, urina de porco e minhocas adultas.
“O esterco estimulou o crescimento, e vimos que as minhocas estavam ativas”, contou Wamelink ao divulgar a pesquisa. “Entretanto, a melhor surpresa veio no final da experiência, quando encontramos duas jovens minhocas no simulador de solo marciano.” Ou seja, elas fizeram filhos.
O papel das minhocas é simples, porém, fundamental. Elas comem matéria orgânica e defecam o húmus, um fertilizante natural extremamente eficiente, rico em nutrientes fundamentais para o crescimento vegetal, como nitrogênio, fósforo e potássio.
Elas também cavam túneis na terra, o que permite a entrada de ar e água no solo, um dos principais empecilhos para o cultivo em solo marciano. “A aplicação das minhocas já resolve esse problema”, disse Wamelink.
Apesar do ânimo com a reprodução, ainda falta um longo caminho para percorrer antes de conseguirmos sonhar em cultivar comida orgânica em Marte. A rúcula cresceu um pouco, mas não durou muito.
Até agora, somente o espinafre sobreviveu na simulação de Marte. No entanto, o pesquisador acredita que será possível cultivar feijão verde, ervilhas, rabanete, tomate, batata, rúcula e cenoura em solo extraterrestre.
(via Science Daily)