No centro de quase todas as galáxias, há um buraco negro supermassivo. Enquanto esses gigantes passam a maior parte de suas vidas tranquilos, uma vez que recebem um influxo de material, podem produzir jatos que criam ventos poderosos que se espalham por toda a galáxia hospedeira.
A galáxia anã IC 4870. (Créditos: HUBBLE/NASA)
Esses processos moldam galáxias grandes e pequenas, mas um novo estudo mostra que objetos menores são mais fortemente afetados por buracos negros supermassivos. Os fortes ventos produzidos pelos buracos negros estão atrapalhando a evolução das galáxias anãs, suprimindo a formação de estrelas.
Galáxias anãs são galáxias que têm entre 100 milhões e apenas alguns bilhões de estrelas. Eles são o tipo mais comum de galáxia e orbitam outras maiores. A Via Láctea, em escala, tem entre 200 bilhões e 400 bilhões de estrelas.
No estudo, publicado no The Astrophysical Journal, a equipe analisou 50 galáxias anãs, 29 das quais tinham algumas características que indicavam um buraco negro ativo em seu núcleo. Eles descobriram que 13 dessas galáxias estavam realmente perdendo gás para o espaço intergaláctico, com a saída de gás se movendo mais rápido que a velocidade de escape da galáxia. Nove deles têm um buraco negro supermassivo ativo em seu núcleo e em seis deles o fluxo de gás foi, sem dúvida, empurrado por um buraco negro.
“Galáxias anãs são as menores galáxias nas quais estamos vendo diretamente fluxos de gás de até 1.000 quilômetros por segundo – pela primeira vez”, disse Christina M. Manzano-King, da UC Riverside. “O interessante é que esses ventos estão sendo empurrados para fora por buracos negros ativos nas seis galáxias anãs, e não por processos estelares como supernovas. Normalmente, ventos impulsionados por processos estelares são comuns em galáxias anãs e constituem o processo dominante para regular a quantidade de gás disponível para formar estrelas”, concluiu.
Os ventos galácticos são uma faca de dois gumes quando se trata de formação de estrelas. Os ventos comprimem o gás à medida que saem do buraco negro, o que pode ajudar na formação de estrelas. Mas eles também podem perturbá-las, pois dispersam o gás do centro da galáxia, tornando-o indisponível para a próxima geração de estrelas.
“Nestes seis casos, o vento tem um impacto negativo na formação de estrelas”, revelou Laura Sales, professora assistente de física e astronomia na UC Riverside. “Modelos teóricos para a formação e evolução de galáxias não incluíram o impacto dos buracos negros em galáxias anãs. Porém, estamos vendo evidências da diminuição da formação de estrelas nessas galáxias”, concluiu.
Os pesquisadores ficaram surpresos que os sinais que detectaram, graças aos telescópios Keck no Havaí, fossem tão claros. A pesquisa mostra que os buracos negros supermassivos são reguladores muito importantes da formação de estrelas. A equipe agora planeja estudar a quantidade de gás e o momento dessas saídas para entender melhor seu impacto mais amplo. [IFLS]