
Não é novidade que Marte tem vulcões imensos, hoje não ativos, mas altos o bastante para deixar o nosso Monte Everest baixinho — o Monte Olimpo, no planeta vermelho, é três vezes maior que ele e ficou ativo por dois bilhões de anos. O fato novo é que, segundo pesquisadores, os gases expelidos pelos vulcões, quando ainda estavam em atividade, criaram um ambiente então habitável para micróbios.
A pesquisa, realizada por cientistas das universidades de Washington, de St. Andrews e da NASA, foi publicada no jornal científico Icarus.
Conforme as projeções do estudo, os vulcões, por meio de emissão de gases como monóxido de carbono e gás sulfúrico, criaram um ambiente anóxico, isto é, com pouquíssimo oxigênio, o que pode ter dado condições para a síntese de componentes como os aminoácidos, fundamentais para tornar a vida possível no planeta.
“Isso é importante do ponto de vista da astrobiologia porque essas condições anóxicas foram hipotetizadas como sendo importantes para a origem da vida na Terra primitiva”, disse o principal autor do estudo, Stephen Sholes, da Universidade de Washington, ao site Seeker.
O pesquisador explica que a hipótese se assemelha ao experimento Urey-Miller, realizado na década de 1950 para explicar a origem da vida no nosso planeta. A experiência mostrou que impulsos elétricos em um ambiente de atmosfera redutora — como os cientistas chama um ambiente com pouco oxigênio — e água em estado líquido produz moléculas orgânicas complexas.
O novo estudo foi feito com modelos simulados pelos pesquisadores. Uma “prova viva” dos seus resultados, porém, poderá ser obtida com amostras coletadas em futuras missões a Marte. Se a atmosfera de lá foi realmente anóxica por um período, as provas estão registradas no solo, de acordo com os tipos de minerais presentes.
Encontrar enxofre, dizem os cientistas, seria uma grande evidência. O problema, alerta Sholes, é que um mineral difícil de ser pesquisado. “As técnicas de medição usadas poderiam realmente fazer com que ele se dividisse em moléculas menores que poderiam ser descaracterizadas”, diz.
(Via Live Science)